Pelos
últimos textos, dá para perceber que ando numa fase meio niilista, com um humor
ranheta típico de quem aprecia o inverno de Northampton e agora é verão na cidade. Talvez por isso esteja me voltando tanto para o Noir e/ou
historinhas mais urbanas, pessimistas até. Quer dizer, setembro mal chegou a
metade e, fazendo um balanço parcial, tudo o que consumi, basicamente, foi
nessa toada.
A começar
por Fogo contra Fogo (Heat, 1995), de Michael Mann. Uma reprise
que, até então, acredite ou não, jamais havia feito. Dá para dizer que, depois
de tanto tempo, foi como ver o filme pela 1ª vez, já que lembro vividamente de
alugar a fita VHS quando ainda era lançamento; talvez em 96? Enfim, acho que as
quase três horas de projeção foram o que chamam de experiência religiosa. E não
errei na colocação do substantivo: foi projeção mesmo![1]
***
As linhas
gerais do enredo ainda estavam intactas na memória: uma quadrilha altamente
especializada, liderada pelo ladrão mestre Neil McCauley (Robert De
Niro), é caçada pela unidade de crimes especiais de L.A, sob a supervisão do detetive-tenente
Vincent Hanna (Al Pacino). Por outro lado, toda a argamassa entre esses
dois, já havia se esfarelado na cachola e tornou a experiência em algo novo.
Logo, as relações que os dois antagonistas constroem – e/ou destroem –, quase
no nível de um seriado de TV, dada a pressa inexistente para desenvolvê-las,
são coisas que ficaram comigo.
" Hanna
era assombrado por sonhos, cadáveres em uma mesa comprida olhando para ele.
Eles ficaram em silêncio. A aparência deles impunha obrigações, mas McCauley
não reconhecia obrigações. Ele tivera sonhos nos quais não conseguia respirar,
estava se afogando. Talvez estivesse ficando sem tempo, sugeriu Hanna. Eles
eram iguais, porque sabiam que a vida era curta, nós somos pegadas em uma praia
esperando a maré subir. E cada um navegava pelo futuro que vinha em sua direção
com os olhos bem abertos. Sensíveis, opostos em algumas questões, eles eram
iguais na compreensão de como o mundo funcionava, livres de ilusões e
autoengano. Ao mesmo tempo, cada um explodiria o outro sem hesitação. Eles
também sabiam disso. Mas aquilo poderia nunca acontecer. Eles poderiam nunca
mais se ver. "
Da metade para o clímax acachapante, McCauley está decidido a buscar uma vida mundana, tratando o roubo final como seu
último trabalho, mas joga tudo para o alto quando cai na provocação de Hanna e deixa-se levar pelo
próprio ego. Já Hanna não poderia estar mais longe da normalidade, vendo o trabalho
sepultar outro casamento (3º). Ambos são obsessivos natos, tão gigantes que sequer
cabem juntos dentro da telona. E não cabem mesmo. Mann jamais enquadra o ladrão
e o policial num mesmo plano. Jamais. Isso é incrível.[2]
“ O
mantra do criminoso era sair em trinta segundos caso sentisse o fogo inimigo
dobrar a esquina. Nate o lembrou disso. Hanna poderia cometer erros, poderia
acertar ou errar. Neil não poderia se dar ao luxo de errar uma única vez. ”
Curiosamente,
o mantra de McCauley é testado por Hanna, exatamente quando ele se vê com a
(futura) ex-esposa no hospital, numa vigília pela enteada que acabara de salvar
de uma tentativa de suicídio. O seu bip toca e ela, pelo hábito da vida a dois,
sabe que é um chamado e Hanna, fatalmente, não aguentaria e iria atendê-lo. Eu não
voltei para cronometrar a passagem, mas gosto de pensar que a cena não dura
mais que trinta segundos. Assim, o mantra de McCauley vale não apenas para a iminência
de ser preso, mas, sim, de não se apegar a nada que levasse trinta segundos
para largar e fugir.
-------------
No fim
das contas, foi esse o erro de McCauley, de passar mais que trinta segundos
para desapegar. E nem me refiro a Eady (Amy Brenneman), o interesse
amoroso que, supostamente, o levaria à vida mundana na Nova Zelândia. A derrocada
foi ignorar os instintos e ir, resoluto, para a armadilha que a polícia montou em torno de Waingro
(Kevin Gage). Uma ponta solta que ficou atravessada num nível que impele McCauley a se desviar do final feliz, rumo ao avião da fuga, e ir ao hotel matar o ex-colaborador/serial
killer/dedo-duro.
E aí... Bem,
não sei se acontece com vocês, mas sempre que estou lendo algo, talvez por
sincronicidade, algumas coisas passam a tangenciar outras. Ocorreu agorinha
enquanto lia Parker: The Outfit, de Richard Stark, mais precisamente quando o
protagonista deixa transparecer algo que, em tese, talvez batesse com a
mecânica de um Neil McCauleuy mais jovem:
" Foi
um sinal ruim quando um homem como Handy começou a possuir coisas e começou a
pensar que poderia se dar ao luxo de ter amizades. Posses amarram um homem e
amizades o cegam. Parker não possuía nada; os homens que ele conhecia eram
apenas isso, os homens que ele conhecia. Eles não eram seus amigos e não
possuíam nada... Quando um homem como Handy começou a ansiar por posses e
amizades, isso significava que ele estava perdendo a dureza. Foi um mau sinal."
Essa
dureza de Parker parecia estar ali no comecinho de Fogo contra Fogo, de McCauley não
carregar bagagem. De McCauley simplesmente ser como uma rocha – ou os metais
que estudava para um golpe – ou uma montanha ou uma lei da natureza. Um bom exemplo da "materialização" desse vazio existencial está no(s) apartamento(s). McCauley tem nada menos que uma geladeira e a vista para o mar; Hanna, uma TV de 19" polegadas. São homens experientes que, embora corroídos pelo Nada, seguem em frente... inexoráveis. Por outro
lado, olhando em perspectiva, é engraçado pensar em De Niro e Pacino como dois homens
velhos, sendo que, à época, o primeiro tinha 52 anos e o segundo, 55; e ambos
estavam inteiraços.[3]
***
A propósito,
os excertos em prosa sobre Fogo contra Fogo pertencem a sequência romanceada pelo
mesmo Mann, e ladeado da escritora Meg Gardiner. A história do livro começa poucas
horas depois dos acontecimentos do filme e, por incrível que pareça, faz quase
dois anos que foi lançado no Brasil. Digo isso porque me enquadro no público-alvo
e não lembro de ter visto qualquer divulgação. Como o diretor pretende filmar a
continuação, é questão de tempo até que o romance comece a atrair a atenção de
Booktubers & derivados.
De todo modo, se vale de alguma coisa, estou lendo
Heat 2, alternando com Parker... Logo, meu Noir interior tá saindo
pelo ladrão.
***
Link Afiliado
[1] Comprei um mini projetor e, desde então, tudo virou
cinema em casa.
[2] A foto que ilustra e encabeça o post é puro bait.
É de bastidores.
[3] Sendo franco, estão melhores que eu, com
42. Porra... Preciso cuidar melhor da carenagem.
Com
a abstinência do Twitter, estou redescobrindo que antes de ser um tuiteiro
aplicado, eu costumava usar esse blog como um espaço de descarrego. Não
exatamente como cantilenas vazias, mas para comentar rapidinho o que estou
assistindo, lendo e, claro, a inquietação do momento. Lógico que, com 280
caracteres, o papo lá era reto, retíssimo... Ainda assim, ao longo dos anos,
deixei vários insights[1]
que, hoje, por estarem inacessíveis, me arrependo bastante de não tê-los salvo
num bloco de notas mínimo. Um erro que não cometerei mais. Ou irei de um jeito
diferente e estranhamente parecido. De todo modo...
“
Apartar-se inteiramente da sua própria
espécie é impossível. Para viver no deserto é preciso ser santo. ”[2]
✨✨✨
Nós
nos achamos imortais. Compramos pilhas e pilhas de gibis, alguns dos quais, com
dimensões e pesos que inviabilizam até mesmo suas leituras com alguma dignidade
e ergonomia. O imediatismo ou a mera certeza da invencibilidade não dá chance
para cogitar se, num futuro próximo/distante, sequer teremos condições de, por
nossas próprias forças, retirar volumes assim da estante. Aliás, caso a
(remota) possibilidade de virarmos ração de verme se concretize, só peço que
Deus tenha piedade dos nossos entes queridos.
No
meu caso, além do lugar onde moro, possuo caixas e mais caixas de quadrinhos
acondicionadas na casa da minha mãe e sogra. Quer dizer, no dia que eu me for,
tenho certeza que meu bom nome seguirá sendo profanado por um tempinho. Mas
conjecturas mórbidas à parte – batam na madeira! –, no alto dos meus 42 anos, confesso
que estou começando a olhar com outros olhos para a existência física de tudo aquilo que sempre gostei de ler ou ver e
manter comigo aqui, à distância do braço.
Paradoxalmente,
isso passa pela inversão da história do vazio de William King, de que os
indivíduos colecionam objetos ante a necessidade de preencher vazios
interiores, às vezes, por causa de experiências de vida negativas, outras vezes
para sobreviver num mundo que considera hostil[3].
Por que falei em inversão? Porque sinto que meu próprio vazio já começou a
transbordar e precisa ser esvaziado. Ou, caso contrário, não precisa mais ser
preenchido, ao menos não no sentido físico.
Eu
me peguei pensando nessas coisas enquanto lia Nêmesis, de Isaac Asimov.
Não que o livro trate desse tipo intermitência da morte – ou será que trata?[4]
–, mas enquanto o devorava ocorria o mais recente Prime Day e, com ele, vi
promoções bem sedutoras em torno das coleções da Fundação, Série dos Robôs
e Império. E aí, por reflexo,
coloquei os (quatorze) livros no carrinho. Quando estava na iminência de pagar,
parei e pensei comigo mesmo: “eu paguei
e li todos via Kindle, por que preciso tê-los na estante?”.
Antes
não os tivesse lido. Antes tivesse acabado de assistir a O Mundo Depois de Nós,
e me apavorado com uma existência sem mídia física. Não é o caso, e não me
assusto fácil. O período em que esses pensamentos começaram a tomar de assalto
meu cotidiano coincide com a época em que estava concluindo a leitura de
Starman. O arco de despedida de Jack Knight abriu um rombo no meu peito e
preencheu todos os vazios super-heroicos que ainda teimavam em existir.
Senti
como se eu fosse o Névoa e o próprio
Ted Knight estivesse me levando
embora. Contudo, em vez de explodir lá em cima, na estratosfera, sigo aqui
embaixo. Isto é, no lugar mais baixo que já estive como gibizeiro, comprando as Sagas[5]
que coleciono com uma má vontade daquelas; pechinchando os volumes de Lúcifer com o risco de vê-los
esgotados; e – acredite se quiser – até um pouco enjoado da mídia como um todo.
Obviamente,
deve ser algo passageiro, o que não muda o fato de que, agora, em 4 de setembro
de 2024, eu sinta que fui embora junto com Jack. Sim, quando virei a última
página de Starman nº 80, apagou uma luz e algo me dizia que, em matéria de
super-heróis, nada mais precisava ser dito. A partida de Jack, resolvendo todas
as pendências em Opal City, dirigindo-se para uma nova vida em São Francisco, é
uma metáfora que grudou em mim.
Caracterizado
como um outsider num mundo ficcional,
Jack começa Starman como um super-herói relutante, aceitando o legado de
família desde que o pai, Ted, use a expertise em energia cósmica para criar
coisas úteis à sociedade. Com o tempo, ele aprende a curtir a experiência, faz
vários amigos, alguns poucos inimigos e até realiza um mochilão pelas galáxias. Perdeu
o irmão sem nunca conhecê-lo de verdade. Ganha um filho em circunstâncias bizarras. Conhece melhor o irmão num
insólito além-vida. Conhece o amor de uma mulher. Perde o pai. Será pai
novamente. Dá as boas-vindas a novos heróis locais. Decide se aposentar da vida
de combate ao crime. Decide viver a vida com a família em outra cidade. Viver
outra aventura.
Depois
disso tudo, me respondam com toda sinceridade:O que resta para ler de super-heróis...?!
🌟🌟🌟
Enquanto aguardo vossas deliberações, seguirei lendo o meu 2º romance da série Parker, de Richard Stark.
Outra hora, falo sobre isso. Por ora, uma dica de amigo: evite ler Starman! Esse gibi vai acabar com a sua vida.
🌠🌠🌠
Links Afiliados
[1] Porra! Lembrei agora de uma thread que fiz sobre a leitura da
Biblioteca Eisner... Que ódio!
[3] Uma ilação, hoje em dia, muito popular,
saída das páginas da obra Collections of Nothing (2008).
[4] “ [...] a vida é uma sinfonia de perdas sucessivas.
Perdemos nossa mocidade, nossos pais, nossos amores, nossos amigos, nosso
conforto, nossa saúde e finalmente nossa vida. Negar as perdas é perder tudo
isso de qualquer maneira e perder, além disso, o autocontrole e a paz de
espírito.”
[5] Quais sejam: Sagas do Batman, Superman,
Mulher-Maravilha, Flash, Vingadores e X-Men.
"Essa é sempre a minha coisa; eu quero entreter as pessoas, mas é uma coisa
de lobo em pele de cordeiro. A pele de cordeiro é a história do crime, eu acho.
E o lobo é o verdadeiro significado da história, que eu muitas vezes nem sei
quando estou escrevendo. [...] Eu nunca quero tentar fazer algo que pareça
exatamente como o que fizemos antes. Até os livros Reckless parecem um pouco
diferentes uns dos outros porque seus enredos são diferentes e acontecem em
anos diferentes. A próxima coisa é sempre a mais difícil de escrever. É como
um neo-noir de terror e suspense do Pânico Satânico. [...] É sobre uma mulher
que fez parte [disso] nos anos 80 quando criança e que agora é adulta em nosso
mundo moderno. Chama-se Houses of the Unholy. Sean disse que é a coisa mais
estranha que já fizemos. Então, entenda isso como quiser."[1]
***
Acabei
de ler a graphic novel que o Ed Brubaker descreve acima. Tá quentinha
ainda e faz só alguns dias que foi publicada, em 19 de agosto. Essa fala
data de fevereiro de 2024. De lá para cá, o escritor pouco tem aparecido na
internet; sua newsletter, por exemplo, foi atualizada pela última vez em
junho último. À época, ele havia registrado apenas alguns bastidores das
filmagens de Criminal. Nada de mais, já que, de um tempo para cá,
Brubaker se tornou bem avesso à presença online, especialmente em redes
sociais; das quais não mantém mais nenhuma.
Não
obstante, o que vinha sendo uma regra dos seus lançamentos da parceria com Sean
Phillips eram as entrevistas a dois no canal do Forbidden Planet, além dos posfácios em
todas as obras de Reckless (2020) em diante. Nesses espaços, era possível vê-lo numa posição desconfortável – acredito eu –, falando de onde vinham as
inspirações de cada projeto, não raro, de memórias & angústias do passado.
Em Casas do Profano não ocorreu nem uma coisa, nem outra.[2]
O
que, de maneira nenhuma, não é ruim. Faz o quadrinho soar ainda mais
enigmático, dada a temática tão pesada. Para começar, mesclar a histeria
coletiva frente ao satanismo com algo como o plot de A Caça (2012), com Mads
Mikkelsen. No filme de Thomas Vinterberg, um professor de jardim de infância em
uma minúscula cidade dinamarquesa, por um mal-entendido que foge de controle,
acaba sendo acusado de pedofilia por uma de suas alunas. Doravante, verdade ou
mentira, sua vida estava acabada e a película mostra cada centímetro dessa
descida ao inferno.
Na
trama de Brubaker & Phillips, a denúncia é feita por seis crianças após uma
colônia de férias, porém, com o elemento do abuso ritualístico. O caso vai a
julgamento com um dos acusados chegando à capitular a própria vida, tamanha a
pressão e a proporção que estava chegando. No fim, fica comprovado que tudo não
passava de uma mentira e os “Seis Satânicos”
sofrem os reveses disso, tendo suas vidas e a dos familiares destruídas.
--------------
Off-Topic, mas nem
tanto:
Ao
caminharem por esses lugares escuros, infelizmente, Brubaker & Phillips têm
um sem número de fontes. Muitas das quais, inclusive, virando exemplos célebres
de investigações tendenciosas e erros judiciários crassos nos Estados Unidos.
Um deles foi o Trio de West Memphis, que não passavam de adolescentes
metaleiros implicados num múltiplo assassinato de crianças escoteiras. Sem
qualquer chance de defesa, com a polícia fabricando indícios e provas, além de perjúrios
descarados, eles foram julgados em 1994 e ficaram presos até 2011, quando
exames de DNA levaram à conclusão que o material genético na cena do crime não
era de nenhum dos três condenados. Circunstâncias tão cinematográficas que
chegaram mesmo às vias de fato.
--------------
De
volta à HQ, mas mirando o presente, a trama se volta para Natalie Burns como uma investigadora à moda Jack Herriman. Assim como o protagonista de Cena do Crime, ela fora contratada
para resgatar outra jovem impressionável cooptada por alguma seita nefasta.
Seria (também) um dinheiro fácil, não fossem as circunstâncias voyeurísticas de
um dono de motel – ou chalés – que pensa estar visualizando um sequestro pelas
câmeras ocultas e faz uma chamada para a polícia.
Ao
ser detida para interrogatório, Burns é liberada sob a custódia do Agente West
do FBI. Porém, rapidamente descobrimos que ele não está interessado no suposto
rapto, mas, sim, num caso que chamou sua atenção. Antes do 11 de setembro, West
compunha a Unidade de Crimes Cultuais do Bureau, porém a divisão foi dissolvida
quando os federais passaram a centrar esforços em terroristas e milícias de
extrema-direita. Fora que não contribuía em nada incidentes como o dos Seis Satânicos,
desacreditando qualquer trabalho sério.
Entretanto,
West acredita que as outrora seis crianças da infância de Burns estão sendo
alvos de um assassino que não segue um padrão verificável. Sendo que três já
haviam sido mortos e Burns podia ser útil em sua caçada solitária ao serial
killer, seja na interlocução com os demais, seja evitando mais vítimas. Logo, a
busca vira um road movie com a dupla
trocando traumas passados, com discussões acaloradas sobre os (nossos) demônios
contemporâneos.
É
curioso que, às vezes, o aprofundamento de um tropo vem depois que o leitor
valida uma história anterior e o escritor sente-se confortável para esticar a
corda. O que quero dizer é que Casas do Profano vem na esteira, por exemplo, de
Matar ou Morrer e transforma críticas anteriores em soda cáustica. A exemplo do
inconformismo velado de Brubaker com o nativo das redes sociais; manifestado na
alienação do irmão mais novo de Burns.
Por outro lado, a nova história
não vira um Taxi Driver com um anti-herói delirante, que faz o que faz se
dizendo influenciado por um demônio. Não existe catarse nos demônios de Natalie
Burns; eles estão numa memória não confiável - formatada até - e numa culpa quase
paralisante. Eis um gibi difícil, tanto no recordatório quanto na estética dos Phillips; onde os vermelhos (de Jake) pontuam os trechos no passado, sempre te levando a lugares de ocaso e opressão. Já os tons azuis no presente transparecem tristeza e a maldição de ser racional em meio a um mundo irracional.
Se leu e ficou mal, parabéns! Você leu certinho.
***
Links Afiliados
[1] Excertos extraídos de uma entrevista concedida por Ed Brubaker ao site
Gizmodo, na época do lançamento de Onde Estava o Corpo.
[2] Talvez pela falta de
tempo, já que o homem, como disse, está envolvido na produção de Criminal. Ahh, e se não ficou claro, o nome "Casas do Profano" é informal, já que a Editora Mino ainda não sinalizou como vai se chamar o título quando - ou se - for lançado no Brasil.
A
primeira, vocês bem sabem. Foi quando a compra da rede social por Elon Musk
foi oficializada. Do lado de cá, em 1º de janeiro desse ano, decidi reativar
essa birosca com a intuição de que a coisa ia implodir... e implodiu. Acho uma pena. Hoje mesmo
acordei e, como uma memória muscular, peguei o celular e abri o aplicativo do
(e)X-Twitter para rolar a minha timeline.
Dois segundos mais tarde, percebi que não estava atualizando, o que era
esperado, dado o deadline da
meia-noite estabelecido pela Anatel para interromper os acessos.
Então,
a primeira coisa que me veio foi o Morpheus dando as boas-vindas ao Neo:
“Bem-vindo
ao deserto do real.”
***
Não
pretendo buscar um substituto como muitos estão fazendo, ou por receio de se
perder presença online, não ter como divulgar seus conteúdos ou puro vício
mesmo. Na realidade, confesso que estou furioso comigo mesmo de ter publicado
tantos textos em algo tão efêmero e de baixa qualidade organizacional. Ontem,
antes do fim, me vi tentando salvar todos os comentários que fiz sobre os
dezenove livros lidos de 2021 para cá do universo literário de Fundação, de Isaac
Asimov.
Tive
êxito, claro, mas isso foi o mínimo. Compartilhei inúmeros pensamentos ou sentimentos sobre leituras e a vida acontecendo em tempo real. Acho que alguma hora a rede
social voltará, tamanho são os interesses econômicos e políticos envolvidos.
Talvez eu mesmo volte se ela voltar, no entanto, jamais voltarei a fazer o que
fazia por lá nas duas primeiras vidas do Twitter.
💀💀💀
Mais Morte:
Se
o Twitter estivesse ativo agora, o meu primeiro tuíte do dia teria sido uma
foto segurando meu volume de Morte.
Comecei a reler hoje cedo com a próxima gravação d’os Escapistas em mente; num
último retorno a nossa série Sandman Anotado. Aliás, a primeira vez que iremos
discutir um trabalho do Neil Gaiman após a avalanche de merda que vem enterrando sua reputação de bom moço.
Por
sinal, a introdução escrita pela Amanda Palmer, me fez olhar para a ironia do
destino, imaginando se sua atual ex-esposa, quinze anos depois[1],
ainda mantém o que disse sobre " [...]
como se pode avaliar a personalidade de uma pessoa com base em ela manter ou
não uma amizade decente com ex-cônjuges ou ex-amantes. Porque quem não consegue
manter a amizade nesses casos, provavelmente é um babaca".
Fora
isso, é um texto bem qualquer nota, assim como a esmagadora maioria dos
prefácios da coleção dos 30 anos; no qual, notáveis são convidados para
apresentar os volumes e eles falam de qualquer coisa, menos do gibi. No caso do
relato da Amanda, metaforizando performances dela com a personagem Morte, soa até egocêntrico. Nada contra a artista que, por
sinal, é um case de sucesso no lance
do crowdfunding.
***
Por
ora, estou em negação, mas amanhã tem Flamengo e Corinthians. Me pergunto como farei pra cornetar
e xingar o Malvadão sem o ódio fácil e convidativo do velho Twitter (?!).
[1] A tal intro data de 2009. Eles se
casaram em 2011, e a separação foi anunciada em 2022. Em tempo, o fofoqueiro de plantão dentro de mim crê que a linha “ Eu falo demais e frequentemente me meto em problemas ” dá indícios
de uma senhora esfregada da cara no asfalto.
" [...] de que não somos
amados; de que o objeto de nossa afeição é frio e infiel... Por quê? Por que
nunca vemos a traição nos olhos delas até ela ficar cara a cara conosco? Eu
entendi tudo. Eles se viam desde o princípio. Provavelmente, planejaram o
incêndio no museu de cera para me tirar do caminho. Quantas vezes? Quantas
vezes ele subiu sorrateiro estas escadas do setor de livros e papelaria,
passando pelo de acessórios de jardinagem até chegar ao departamento de roupas
femininas? Quantas vezes ela tolerou meus beijos com desdém e escárnio, o tempo
todo aguardando pelo sinal no céu que a avisaria de sua chegada? Quantas vezes?
Sendo bem franco, isso não me importava mais. Eu não me importava mais quantas
vezes, quantos homens e com que freqüência. Eu não me importava mais com
números. Só havia um pensamento em minha mente, uma inabalável determinação:
NUNCA MAIS. "
***
Essa
passagem pertence à história Barro
Mortal, com roteiro de Alan Moore
e arte de George Freeman, publicada
em Batman Anual nº 11, de julho de 1987. Aqui no Brasil, foi lançada em
fevereiro de 1988 pela Editora Abril, dentro da 6ª edição da segunda série
mensal do Batman. Esse conto só voltaria a ser republicado quase vinte anos
depois, em 2006, dessa vez pela Panini, dentro do encadernado Grandes Clássicos
DC nº 9, dedicado integralmente ao barbudo. Fora de catálogo há um bom tempo,
esse encadernado ganhou uma versão de luxo, trazendo novamente essa história em
2022; mas antes disso, também integrou a A Saga do Batman nº 1 em 2021.
O monólogo é
de Preston Payne, o terceiro
personagem da galeria de vilões do Batman a usar a alcunha Cara de Barro. Nela, ele está há alguns meses vivendo escondido em
um shopping center, alimentando um insólito romance com um manequim que chama
de Helena. Em algum momento, Payne começa a imaginar que está sendo traído e
passa a acreditar que o Ricardão é o Batman. Trata-se de um singelo tratado de
amor e ciúme, e a loucura que pode preencher as duas coisas.
Nas linhas a
seguir, além de Barro Mortal, iremos ao encontro do arco Quadra de Lama, que desenvolveria posteriormente a condição de
Preston Payne e o reuniria com os demais Caras de Barro.
***
A primeira
vez que encarei Barro Mortal foi justamente via republicação, em Grandes
Clássicos DC nº 9. Uma curiosidade sobre a produção desse conto é que Alan
Moore o escreveu após concluir o roteiro de A Piada Mortal, mas acabou
que, provavelmente por conta do nível de sofisticação da arte do Brian Bolland,
Barro Mortal acabou saindo bem antes, em julho de 1987; enquanto que Piada
Mortal só viria à luz um ano depois, em julho de 1988. Como toda boa história,
ela é atemporal. Se você estiver lendo esse texto daqui a cinco, dez anos ou mais, e tiver curiosidade sobre esse conto, vai lê-lo e ainda se deliciar com a
delicada ironia presente aqui.
Pensando bem,
pode-se dizer que esse tipo de HQ de super-herói anda em falta. Por que afirmo
isso? Porque, hoje, via de regra, existe um excesso de protagonismo do
personagem-título e, muito raramente, o leitor se depara com algo em que quem
dita as ações no recordatório não sejam o próprio dono da revista; nesse caso,
o Batman.
Vou até mais
longe: a beleza de uma boa história do Batman está na condução de uma narrativa,
talvez onisciente, mas que não sabe ou passe exatamente a ideia do que ele está
pensando naquele momento. Algo que, na minha opinião, reforça o mistério sobre o
personagem. O que tem para hoje, porém, tem sido um Batman nu. Um Batman
transparente, que fala sobre suas angústias, suas paixões, sobre seus medos. Chora.
Ele abraça. Abraça demais, e isso é tudo o que não aprecio no Batman contemporâneo.
E, veja só,
num simples quadro aqui, o vemos estendendo a mão para o Cara de Barro, explorando,
sem qualquer afetação, a compaixão como algo natural no herói.
Então, é com muita alegria e tristeza que revisito Barro Mortal. Alegria, por reencontrar
esse quadrinho excepcional. Tristeza, pela percepção de que as chances de voltar
a topar com algo assim são bem remotas.
Do line-up da
Saga do Batman inaugural, sem dúvida alguma, a melhor história é essa do Alan
Moore com o Cara de Barro. Melhor, porém deslocada. Porque faria mais sentido
segurar um pouquinho a mão e a relançar junto de Quadra de Lama, que sai
originalmente entre Detective Comics nº 604-607 (1989); e no nosso Saga, dentro
do Volume 13 (2022). Voltando um pouco a fita, esse arco de Alan Grant e Norm
Breyfogle foi o destaque das edições nº 8-9 da 3ª série mensal do Batman pela Abril.
Curiosamente, esses dois números saem sem um delay tão grande, que era a
regra para época; precisamente entre setembro e outubro de 1990[1].
O que desde já
fica bem claro, é que Grant procurou se inteirar sobre cada uma das quatro encarnações
dessa alcunha vilanesca, mostrando uma aptidão pela pesquisa histórica que viria
após aquele “Ano Vertigo”, dada a obrigação de, doravante, estar a par com as minúcias da cronologia do Universo DC[2].
Então, me parece seguro imaginar que o escritor passou os olhos no gibi do seu
conterrâneo britânico e percebeu que havia ali uma deixa clamando por um desenvolvimento
posterior, tanto é que o começo de Quadra já parte da premissa que Preston
Payne está preso no Arkham, em companhia da manequim Helena.
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Karlo
&
Hagen
&
Payne
&
Fuller.
O Cara de Barro original surgiu no princípio de Batman, na Era de Ouro,
em Detective Comics nº 40 (1940); com roteiro de Bill Finger e arte de Bob Kane.
Isto é, treze edições depois da estreia no nº 27. No Brasil, foi chamado inicialmente de o “Cara Suja”. Na
realidade, ele era só um ator de filmes B chamado Basil Karlo, que se revolta ao descobrir que o estúdio faria um remake de seu maior clássico e acaba assassinando alguns
atores da produção. O Batman entra em cena, justamente porque uma das atrizes
da produção era Julie Madison, um dos primeiros interesses amorosos de Bruce
Wayne.
Ao ser capturado, percebe-se que Karlo não passa de um homem com maquiagem grotesca simulando barro. Sua soltura só se daria em Quadra
de Lama; editorialmente falando, foram quase 50 anos de cárcere! Na história de Grant e Breyfogle, parte dele a iniciativa de reunir os seus sucessores numa vendetta contra Batman, contudo, com uma agenda própria. Na recém-lançada série animada, Cruzado Encapuzado, ambientada nos anos 1940, Karlo é retratado como um ator que deseja melhorar sua aparência e se submete à fórmula experimental de um cientista. O resultado não é o desejado, mas lhe confere a capacidade de emular os rostos alheios.
Matt Hagen foi o Cara de Barro II e, provavelmente, o mais conhecido. Também criado por Bill Finger,
mas com arte do Sheldon Modoff, seu debute se deu em Detective Comics nº 298 (1961). Trata-se de um caçador de tesouros que encontra uma caverna cujo interior havia uma
piscina radioativa de protoplasma. Ao se banhar acidentalmente nesse lamaçal, ele desenvolve poderes transmorfos, superforça e invulnerabilidade. Todos, porém, temporários, o que o impunha voltar à câmara secreta para mais banhos. Em Lendas do Cavaleiro das Trevas nº 89-90 (1996), Alan Grant e Enrique Alcatena se juntam para dar novas camadas a essa origem.
Chamada simplesmente de Barro - inédita no Brasil -, a história tem lugar nas três primeiras semanas de Bruce como Batman. É explicado que Hagen acha a tal caverna ao fugir dos capangas do Chefe Xylas, o qual tinha passado a perna num roubo de diamantes. Lisa, sua namorada, ficou para trás e, eventualmente, ele vira o Cara de Barro e a liberta dos homens que a ameaçavam. Batman o vê destroçando os bandidos e tenta intervir. Não dá muito certo. Nada certo. Grant vende a ideia que foi nesse encontro que Batman descobriu da pior forma a existência de metahumanos. A experiência foi tão traumática que, ao se recuperar dos ferimentos, Bruce pede para atualizar seu testamento; fora a crise de insegurança que lhe acomete nos dias seguintes. Ao superá-la, ao domar o próprio medo, não importa a ameaça, humana ou super-humana, ele daria conta, controlaria o mundo.
Todavia, o momento mais desconcertante de Barro é quando Lisa - a única outra pessoa que conhece a localização da piscina -, se vê exaurida com a mudança de Hagen, e pede para acabar o relacionamento. Eles se despedem num último abraço; para ela, literalmente. Já o namorado lamacento, se despediria, ou melhor, seria uma das vítimas da Crise nas
Infinitas Terras. Inclusive, a participação em Quadra de
Lama é mínima, numa tentativa em vão de usar os "restos mortais" para restaurá-lo.
Recapitulando:
O Cara de Barro já foi um artista e um aventureiro. O próximo seria um
cientista. Preston Payne era um pesquisador que sofria de acromegalia com
hiperpituitarismo crônico. O tal gigantismo. Por conta de sua aparência, Payne
tinha sido uma criança complexada, sem amigos e com Q.I. de gênio. Quando
adulto, ele se emprega nos laboratórios DELTA e se especializa em doenças
hormonais. Em algum momento, ele se interessa pela condição de Hagen e o visita
na prisão, coletando uma amostra de seu sangue.
No laboratório, consegue isolar uma enzima que quando injetada no sangue tornava seus tecidos
maleáveis. Dá tudo errado e aí ele não conseguia mais se manter sólido; para
não derreter, projeta um traje de contenção similar ao do Senhor
Frio. Mas o principal problema era que, o toque dele reduzia outras pessoas a
protoplasma. Daí para sobreviver, periodicamente, ele tinha que liberar esse
poder sobre outras pessoas. Daí a culpa de ter que fazer isso periodicamente
acaba deixando-o louco; como vemos em Barro Mortal.
A Cara
de Barro, ou Dama de Barro, chama-se Sondra Fuller. Criação de Mike W. Barr e Jim Aparo em The Outsiders/Renegados nº 21, igualmente inédita por aqui. Aliás, essa série funcionava como um Volume 2 de Batman and The Outsiders e, infelizmente, nenhuma das 28 edições foi lançada pela Abril na época que a editora cuidava da DC. Cá entre nós, seria um "Saga" que eu certamente pegaria se rolasse. E no
caso de nossa Sondra Fuller, como Renegados nº 21 nunca saiu, a
primeira aparição dela para o leitor BR acabou sendo mesmo em Quadra de
Lama.
Fuller era uma agente da organização Kobra, que aceita se submeter a um processo para
ganhar os poderes de Matt Hagen, sendo que a transformação dela era
irreversível. E ainda tinha o trunfo de mimetizar os poderes de algum
super-humano que ela assumisse a forma. É revelado, inclusive, que a vilã topa se
submeter a isso pela baixa autoestima, por se achar muito feia. Então, passa a usar a imagem de atrizes e celebridades até um ponto que fica
depressiva por não poder ser mais ela mesma. E como visto em Quadra,
são as visitas dela a Basil Karlo na prisão que idealizam a
reunião dos Caras de Barro.
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Na realidade, todos são ludibriados e explorados por Karlo numa busca por poder, que o faz mesclar as amostras de sangue de Payne e Fuller, injetando o composto como um o soro em suas próprias veias. O resultado é uma abominação que se autodenomina de Cara de Barro Supremo. E, ainda que traídos, os Caras de Barro III e IV acabam se engraçando e formando um casal, com
um final (divertidamente) antecipado para o par, deixando para que o Batman e a Divina (dos Renegados) deem conta do Supremo. No clímax, Karlo chega a extrapolar tanto o poder originário de Payne, que ele acaba derretendo o chão e atravessando
indefinidamente a crosta terrestre.
Dali então, ele jamais voltaria a ser visto a não ser em Terra de
Ninguém, no Robinson Park, tentando
dominar Hera Venenosa; só para perceber que não podia lidar com a fração do
Verde que ela detinha. Ironicamente, Karlo é transformado em solo para o cultivo de alimentos para
que Batman pudesse distribuir aos desabrigados. Para fins de registro, a edição em questão era a Detective Comics nº 735 (1999), com Greg Rucka e Dan Jurgens.
Quanto a Payne & Fuller, eles passam a viver afastados da sociedade e até concebem
um filhinho e o batizam de Cassius... O que é uma bela ironia do escritor escocês. Porque se você
acrescenta "Clay" de Clay Face, que é o nome inglês de "Cara de
Barro", temos o nome "Cassius Clay". Isto é, o nome de batismo do boxeador Muhammad Ali. Mas no
Brasil da Editora Abril, acredite, chamaram o bebê de "João de Barro". Dá até para extrapolar mais nessa brincadeira dos sobrenomes, porque "Payne" deriva de "pain" ou dor; "Fuller" detona algo "mais completo" e, paradoxalmente, tudo o que Sondra não é, é uma pessoa dona de si... completa. Nesse ponto, Grant acaba extrapolando a ideia inicial de Moore, brincando sadicamente com pessoas quebradas, entrando de cabeça - até de manequim - em relações abusivas.
A família Payne levava sua vidinha (quase) bucólica até que o assassino Matadouro - na época do
Batman Azrael -, está passando pela área deles e sequestra o menininho
enquanto os pais tinham saído para uma caminhada. Desesperados, eles precisam voltar
a Gotham para reaver Cassius, porém, topam com Jean Paul-Valley e o casal acaba na custódia dos Laboratórios S.T.A.R. Tudo isso acontece em The Shadow of the Bat nº 26-27 (1994), com Alan Grant e Bret Blevins. Bem mais tarde, em Batman nº 550 (1998), de Doug Moench e Kelley Jones, descobriríamos que, diferente dos genitores, o filho - ou o Cara de Barro V - foi parar no DOE, o Departamento de Operações Extranormais.
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Em meados de 2023, enquanto começava a fazer essas releituras, eu fazia anotações e crescia uma vontade irresistível de produzir uma série de podcasts em torno dessa temática. O desafio seria imenso, porque realmente gostaria de conduzir papos sobre o run de Grant; que é, inegavelmente, meu escritor quiróptero favorito. Só que a (minha) realidade me fez recobrar o juízo, mas não antes de gravar um programa órfão:
Nele, Reginaldo Yeoman e Marcelo Miranda - com o Do Vale nas vinhetas - se juntaram a mim numa conversa que se debruçou em alguns pontos desse texto. Esse "Detetive Cast" - como chamo Os Escapistas dedicados ao morcego - não constará no feed oficial e foi desmembrado em duas partes. Uma sobre Quadra de Lama, disponível acima para download ou ouvir aqui mesmo; e a outra sobre Tulpa, com O Demôniode Jack Kirby, a ser publicado no nosso próximo resgate psíquico. 😈
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Links Afiliados
[1] Uma coisa que me chamava a atenção na publicação
da Abril eram as fichas no final, detalhando os aspectos técnicos e a origem de
cada Cara de Barro.
[2] E isso não foi à toa. Com o sucesso em Detective Comics, não demorou e Alan Grant passou a encabeçar outros trabalhos paralelos. Dentre eles, passou a dividir os créditos com outros
escritores e artistas por cerca de quarenta edições de L.E.G.I.O.N (1989), também
quarenta em The Demon (1990) e sessenta e cinco em Lobo (1993).