sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

VOE COMO A ÁGUIA, MANFREDI

2025 mal começou e já sinto náuseas antes de pegar no smartphone. Afinal, ultimamente, ele só tem se comportado como um mensageiro portador de más notícias. Fosse vivo, eu o mataria. Também pudera, foi este maldito aparelho que matou David Lynch, matou em vida Neil Gaiman, deu posse a Donald Trump, mas, como única exceção, salvou seu pescoço ao consagrar Fernanda Torres e Ainda Estou Aqui com suas indicações ao Oscar.

Então, estava tudo bem entre nós, talvez estivéssemos, inclusive, caminhando rumo a um #Sextou satisfatório. De repente, o aparelho desgraçado rompe nosso armistício e traz a notícia do falecimento de Gianfranco Manfredi. Aí não...

***

Falando sério... Nem tenho cultura para comentar superficialmente o tamanho da perda desse roteirista. Para mim, um escritor genial, com um nível de erudição, fluidez e traquejo na mecânica gibizeira à altura dos imortais da 9ª arte. Para o povo italiano, além da expertise nos fumetti, um autor prolífico e multifacetado, compositor, romancista, ensaísta.

Estou triste e, sincronicidade ou não, acredite, ontem à noite estava lendo Mágico Vento nº 74. Quando bateu o sono, fechei o tablet exatamente nessa sequência:

Diana, a filha mais velha de três, escreveu o seguinte: “Artistas como ele nunca nos deixam. [...] Gianfranco sempre viverá através de tudo o que nos deixou e isso alivia nossa dor. Hoje, lembrando-se dele ouvindo uma de suas músicas, lendo uma das milhares de páginas que ele escreveu, ou pensando em um momento passado juntos, certamente o faria feliz."

Eu sei que ainda o farei muito feliz, dado o meu compromisso atual de ler as 57 edições de Mágico Vento que me restam, fora os vários números de Tex, as minisséries Face Oculta, Shanghai Devil e o que mais puder encarar em sua vasta bibliografia Bonelli. Será uma boa vida de leituras.

***

Obrigado por tudo, Signore Manfredi.

Mitakuye Oyasin.

3 comentários:

lendo à bessa disse...

Dos recentes passamentos, esse foi o que mais senti. Me peguei lembrando das idas às bancas pra comprar a Mágico Vento do mês e o tanto de coisa que vivi enquanto acompanhava as aventuras do Ned mais o Poe. Por conta do tempo -- segui no mês a mês do número 20 ao 131 --, tive o homem como um camarada ali que compartilhava gostos e interesses. Um prazer enorme ter sido leitor do Gianfranco.

Luwig Sá disse...

Incrível essa sua resiliência com a publicação original. Lamento de verdade não ter sido fiel à mensal com você foi. Sempre botava na frente alguma mensal ou mini besta da Panini e, hoje, o arrependimento me atormenta.
-------
A propósito, sabia que em 2023, saiu uma nova mini (em 3) do Mágico Vento? Vi aqui, chama-se "Guerra Apache". Até onde sei, é inédita no Brasil:

https://en.sergiobonelli.it/resizer/800/-1/true/1696516767012.png--la_fortezza_di_juh___magico_vento_guerre_apache_01.png?1696516767000

doggma disse...

Quero retomar MV, mas do jeito que se deve: sem interrupções. Uma ou duas quebras, no máximo, pra limpar o sensorial.

Gianfranco era um gênio de linhagem rara, como Hugo Pratt, daqueles tipos maiores que a vida - quadrinista, escritor, ator, diretor, cantor, compositor e por aí vai. Perdemos dois gigantes.

Que ano. E estamos em janeiro...