sábado, 31 de agosto de 2024

A SEGUNDA MORTE DO TWITTER

A primeira, vocês bem sabem. Foi quando a compra da rede social por Elon Musk foi oficializada. Do lado de cá, em 1º de janeiro desse ano, decidi reativar essa birosca com a intuição de que a coisa ia implodir... e implodiu. Acho uma pena. Hoje mesmo acordei e, como uma memória muscular, peguei o celular e abri o aplicativo do (e)X-Twitter para rolar a minha timeline. Dois segundos mais tarde, percebi que não estava atualizando, o que era esperado, dado o deadline da meia-noite estabelecido pela Anatel para interromper os acessos.

Então, a primeira coisa que me veio foi o Morpheus dando as boas-vindas ao Neo:

“Bem-vindo ao deserto do real.”

***

Não pretendo buscar um substituto como muitos estão fazendo, ou por receio de se perder presença online, não ter como divulgar seus conteúdos ou puro vício mesmo. Na realidade, confesso que estou furioso comigo mesmo de ter publicado tantos textos em algo tão efêmero e de baixa qualidade organizacional. Ontem, antes do fim, me vi tentando salvar todos os comentários que fiz sobre os dezenove livros lidos de 2021 para cá do universo literário de Fundação, de Isaac Asimov.

Tive êxito, claro, mas isso foi o mínimo. Compartilhei inúmeros pensamentos ou sentimentos sobre leituras e a vida acontecendo em tempo real. Acho que alguma hora a rede social voltará, tamanho são os interesses econômicos e políticos envolvidos. Talvez eu mesmo volte se ela voltar, no entanto, jamais voltarei a fazer o que fazia por lá nas duas primeiras vidas do Twitter.

💀💀💀

Mais Morte:

Se o Twitter estivesse ativo agora, o meu primeiro tuíte do dia teria sido uma foto segurando meu volume de Morte. Comecei a reler hoje cedo com a próxima gravação d’os Escapistas em mente; num último retorno a nossa série Sandman Anotado. Aliás, a primeira vez que iremos discutir um trabalho do Neil Gaiman após a avalanche de merda que vem enterrando sua reputação de bom moço.

Por sinal, a introdução escrita pela Amanda Palmer, me fez olhar para a ironia do destino, imaginando se sua atual ex-esposa, quinze anos depois[1], ainda mantém o que disse sobre " [...] como se pode avaliar a personalidade de uma pessoa com base em ela manter ou não uma amizade decente com ex-cônjuges ou ex-amantes. Porque quem não consegue manter a amizade nesses casos, provavelmente é um babaca ".

Fora isso, é um texto bem qualquer nota, assim como a esmagadora maioria dos prefácios da coleção dos 30 anos; no qual, notáveis são convidados para apresentar os volumes e eles falam de qualquer coisa, menos do gibi. No caso do relato da Amanda, metaforizando performances dela com a personagem Morte, soa até egocêntrico. Nada contra a artista que, por sinal, é um case de sucesso no lance do crowdfunding.

***

Por ora, estou em negação, mas amanhã tem Flamengo e Corinthians. Me pergunto como farei pra cornetar e xingar o Malvadão sem o ódio fácil e convidativo do velho Twitter (?!). 



[1] A tal intro data de 2009. Eles se casaram em 2011, e a separação foi anunciada em 2022. Em tempo, o fofoqueiro de plantão dentro de mim crê que a linha “ Eu falo demais e frequentemente me meto em problemas ” dá indícios de uma senhora esfregada da cara no asfalto.

4 comentários:

Matheus Brito disse...

Meu camarada, como comentei contigo outro dia no Twitter, vou sentir falta dos seus comentários a respeito do que você tem lido. Vou tá de acompanhando aqui e caso vá usar alguma outra rede social, avisa. Abraço!

Luwig Sá disse...

Opa, Matheus. Grande satisfação em vê-lo por aqui. Ehh... Eu vi que muitos estão migrando pra o Blue Sky e até elogiando o lugar, uma vez que, por enquanto, é menos poluído e tal. Sei que não é a mesma coisa, mas quero valorizar mais esse espaço, publicando, talvez, o que eu publicaria lá no Twitter. Vamo ver... De todo modo, a casa é sua.

lendo à bessa disse...

Acho que pra mim é tchau e bença, meu chapa. O que é uma pena, sempre gostei do Twitter pela possibilidade de despejar comentários sobre leituras que em outras plataformas dificilmente gerariam muito engajamento. Mas a mudanças no site e a insistência nas mesmas polêmicas vazias da “gibisfera” vinham me afastando aos poucos de lá. Vida que segue.

Luwig Sá disse...

Preciso admitir que estou subindo pelas paredes, mas estou resistindo. Já abri e fechei várias vezes a guia de inscrição do Blue Sky. Serei forte. Quero voltar a ser uma pessoa (a)normal e me iludir que poderei resgatar os tempos áureos (?!) dessa birosca. Abração, compadre.