segunda-feira, 1 de janeiro de 2024

THE PULSE 2024

Creio que a instituição do blog entrou na minha vida ali por volta de 2003... 2004. Eu tinha acabado de sobreviver a um daqueles Carnavais que ficam pra sempre marcados na nossa memória. E quando uso o verbo “sobreviver”, não sou eu querendo reescrever a história com tons de aventura. Quase morri afogado ao cair de uma canoa no meio de uma lagoa e por pouco não levei tiro de um pai preocupado, procurando a filha com um .38 numa mão e um megafone na outra.

Não lembro ao certo o que me motivou a registrar essas memórias num blog, mas quando o fiz, mostrei o texto aos amigos de farra e o feedback positivo me inspirou a escrever mais e mais. Doravante, eu não ficaria falando e inflando minha vida pessoal. O que queria dali em diante era apenas redigir algumas linhas sobre uma paixão na qual não tinha oportunidades de conversar com ninguém do meu entorno: quadrinhos.

Dali em diante comecei a perambular por hosts de blogs até me instalar em definitivo no bom e velho Blogger. Para batizar meu puxadinho, usei o nome em inglês The Pulse. Se fosse hoje, certamente teria usado o título em português, mas o fato é que era uma homenagem à revista The Pulse, de Brian Bendis. Esse gibi teve vida breve – só 14 edições! – e retratava o cotidiano de uma seção semanal do Clarim Diário, capitaneada pelos jornalistas Ben Urich e Kat Farrell. Porém, era também uma espécie de desdobramento de Alias, já que Jessica Jones deixa de trabalhar como investigadora particular e passa a ser uma especialista em super-heróis do folhetim.

Gosto de pensar que The Pulse poderia ter sido o “Gotham Central” da Marvel, mas, provavelmente, isso é uma coisa que só passou por minha cabeça. Com o quadrinho cancelado, imaginei com os meus balões de pensamento botões: “vou fingir que sou um redator do The Pulse e escrever os artigos que deveriam sair naquela seção.”

E assim o fiz por alguns bons anos, parando, recomeçando, pausando e reiniciando até que uma hora descobri o Twitter e o formato do microblog com breves caracteres me seduziu ao ponto de fechar em definitivo essa porta. Não só isso. Me meti também com mudança de carreira, mestrado, doutorado e podcast.

Muito podcast!

Num primeiro momento com os 7 Jagunços e depois com Os Escapistas; no qual sigo como host e editor ao lado de Reginaldo Yeoman, Mauro Ellovitch, Maurício Dantas, Luís Do Vale e alguns outros comparsas que me aturam.

*** 

Bom, se você esteve com a cabeça enterrada num buraco durante o último ano – e digo isso com muita inveja –, o Twitter vem implodindo a olhos vistos. Eis alguns sinais:

...só posso encarar minha insignificância e tentar parar de dançar na pista de um bilionário inescrupuloso. Pois, redigir por lá - mesmo com poucos seguidores e um engajamento mediano - é uma desonestidade intelectual comigo, 1º) porque detesto fragmentar um raciocínio mais elaborado dentro da estrutura mínima (de caracteres) do Twitter, e 2º) porque também é uma desonestidade intelectual com os outros, quando eu mesmo dou motivos para que permaneçam nessa plataforma parasitária. 

Isso quer dizer que vou apagar o meu perfil? Claro que não, até porque ainda não estou pronto para o eremitismo virtual (como um amigo meu) e fora que necessito desse espaço de divulgação para o podcast. Por outro lado, mesmo sendo um microblog, falta ao Twitter algo básico dos blogs tradicionais: a organização e uma forma simples de acessar posts antigos. Quer dizer, para localizar um tuíte de janeiro de 2023, precisa-se fazer filtros chatos de busca avançada, palavras-chave, tags, em vez de simplesmente achar o que deseja na página principal do perfil num arquivo simples.

Leia-se: deveria existir um jeito mais fácil & organizado de acessar tuítes passados. Se os antigos donos não davam a mínima para isso, acho impossível que Elon Musk faça um ajuste assim sem que o usuário não desembolse algum.

Não que ache meus tuítes um deleite de conteúdo, são só coisinhas que faço para arejar os pensamentos, fora que funcionam como bons exercícios de escrita. Quer dizer, eu gosto de tuitar. Sai fácil e mais rápido que quando encaro a página em branco no Word. Então, um modo de encarar o tuíte é que ele pode ser um pitch para textos num blog tradicional. E é exatamente aqui que entra esse velho novo The Pulse, um blog paralelo, de repositório (ou não), só para despejar neuroses & comentários de leituras gibizeiras & afins.

*** 

Dica com link afiliado:


4 comentários:

doggma disse...

Welcome back, motherfucker!

Desde já, uma das melhores notícias do ano. Acho mesmo que esta plataforma lhe serve como um terno Brioni sob medida.

Bacana saber mais detalhes sobre a gênese do The Pulse. Acho que é um interessante linha temática a ser explorada (os perrengues, os grandes momentos). Temos história para isso.

Não sou tão apocalíptico quanto os notáveis mencionados. Com o tempo, as coisas tendem a se ajustar, a se autocompensar, apesar dos problemas muitas vezes sérios. Acho que será assim com o X-Twitter, como foi com o Facebook, Blogger, Instagram e o Tumblr - o Newsletter nem conto, pois já tem uma puta cara de testamento com os últimos desejos do user.

No final das contas, é mais uma ferramenta. E sigo no aguardo pelo seu canal no YouTube. É lá que estão os euros, mermão!

Ps: bati o olho no termo "eremitismo virtual" e tocaram os sinos de uma Catedral aqui...

Luwig Sá disse...

Bom, se não tens nem mesmo WhatsApp - como a mítica que criou sobre si me faz supor -, deve ser divertidíssimo p/ alguém aí em Vila Velha se comunicar c/ Vossa Senhoria.

Também acho que tem um certo exagero nesses profetas do apocalipse. Por outro lado, ando em busca do silêncio perdido e as malditas redes têm lá sua cota de culpa na minha própria cacofonia.

Como disse lá no BZ, me arrependo de ter descontinuado esse blog, ainda que ele tivesse ficado online e inerte, com os registros do passado. Pensei em relançar tudo, já que a maioria dos textos estão arquivados no próprio Blogger, mas o grosso das imagens/sequências se perderam no tempo entre Hosts que não existem mais.

Me conhecendo, eu perderia horas, dias, meses na tentativa de reescrever coisas e reeditar "tirinhas". Por ora, vou deixar quieto, mas vou pensar em algo. É muito suor mental represado para ficar perdido em velhos CD Roms.

No mais, abração, parceiro. É um grande prazer tê-lo de volta nessas caixinhas de comentários.

doggma disse...

"Por ora, vou deixar quieto, mas vou pensar em algo. É muito suor mental represado para ficar perdido em velhos CD Roms."

Cara, vale muito a pena revisitar aquele material. Com o tempo, você se ajeita.

No meu caso, sempre usei o armazenamento nativo do Blogger (Picasa, depois incorporado ao Google Fotos). Mas teve um período que me encantei com a simplicidade do Photobucket, que começou grátis e depois não mais. No 1º aviso de mudança, salvei tudo e fui reupando aos poucos. Já tem anos isso. TOCs!

Me ferrei foi com o HaloScan. Era um excelente sistema de comentários que deixava o do Blogger no chinelo. Quando a fidelização estava no auge, eles passaram a cobrar. Vi todos os comentários de uns dois anos indo pro limbo...

A lição de moral é que é sempre melhor usar os recursos nativos. Por mais limitados que sejam.

E te garanto que a única mítica que rola aqui é de ir ao banco até hoje para solicitar um novo aparelhinho de gerar Token (uso até secar a bateria!). Todas as fotos que posto no BZ são tiradas de celular emprestado.

Mas o melhor é a reação das pessoas sempre que me perguntam qual é meu WhatsUp...

https://1.bp.blogspot.com/-NzBBlv0rF-A/WYxpklZ5K_I/AAAAAAAAT_M/H6_97HkxYWQ1WPsXANyL4JjZieByQpe_ACKgBGAs/s0/sai-capeta.jpg

Abração.

Luwig Sá disse...

Aprendi a lição. Agora, tô upando todas as imagens direto pelo Blogger. Sobre o arquivo, vou fazer isso mesmo. Inclusive, tem Batman: Jogos de Guerra às vias de ser republicado e vi aqui que tenho um material de abril de 2006, quando saiu na mensal. Vou dar uma garibada e republicar.

PS. Celular emprestado é fooooda. :P