Desisti de comprar Mágico Vento. Por ter números espaçados da série original, a princípio, me animei com a possibilidade de colecionar as edições capa dura (em cores terríveis). Comprei. Quando passaram a ratear, dei uma chance para as versões em formato italiano. Comprei também. Em algum momento, vi as duas fracassarem “mythicamente”. Eis que surge a Editora 85, reiniciando novamente a roda e, agora, com a ideia de publicar cinco volumes em um. Tenho simpatia e torço pelo êxito dos novos publishers, mas fechei definitivamente essa porta; o que, contudo, não me fez desistir da leitura dos gibis por outros meios.
Dos
131 fascículos da série regular, nesse momento que digito essas linhas, acabei
de ler o 66º. E como sempre, um sentimento vem à tona: o fascínio pela
minúscula seção de cartas, o maldito bendito Correio de Poe. A despeito da excelência das histórias, nenhuma das
três republicações chega perto de empatar a experiência que é ler o gibi com o
contraponto dos leitores e causos como o registrado abaixo:
Numa
era em que uma parcela expressiva dos novos desenhistas mal consegue entregar
suas 22 internas no mercado editorial US, com mais presença virtual que nos
quadrinhos onde supostamente deveriam estar, é curioso se deparar com o (bom)
motivo dos atrasos do artista sérvio Darko
Perovic.
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Curiosamente,
quem fica a cargo da arte desse mesmo número é o croata Goran Parlov. Um dos nomes mais marcantes ligados a Mágico Vento e,
indubitavelmente, o grande desenhista do Justiceiro no século 21. E ainda que
mereça destaque o traço, mais que a estética, merece aplausos o argumento de Gianfranco Manfredi. Dessa vez,
depois de um período considerável entregando faroestes históricos, o roteirista volta ao
místico que é a temática por excelência do título.
Aqui, Ned Ellis se vê as voltas com uma regressão de vidas passadas, onde ele se transfere para o corpo de Ehecatl – ou Vento Sagrado –, 800 anos no passado. Na trama, acuado pelos sacerdote dos Mounds, esse ancestral foge rumo à segurança do Rio Mississipi ao lado da amada Janira o irmão Sethua, indicando que o destino de Mágico Vento sempre estaria conectado aos ameríndios.
Uma
bela história, com ares lovecraftianos e um pano de fundo que é um verdadeiro
mistério arqueológico.
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A
única coisa que me frustra é não contar com esse recurso do Mágico Vento para
acessar memórias perdidas – quiçá, de vidas passadas. Na verdade, como mero
mortal, tenho uma memória desgraçada de ruim e percebei que, enquanto lia, algo
estava faltando ou me era minimamente familiar. Sim, e era verdade. A premissa
dos sacerdotes do Mounds (ou os Antigos) já havia sido trabalhada anteriormente
por Manfredi, especificamente através do relato de Nuvem Vermela a Ned em MV nº54 – por sinal, também com a arte de Parlov.
Preciso escrever mais sobre esse gibi, até para evitar outros futuros transtornos.
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Um comentário:
Acho incrível que o Manfredi vai adicionando elementos à Mitologia, tanto nas tramas políticas quanto sobrenaturais, sem perder o rumo da história. Esse acréscimo acho um barato. O legal de acompanhar a série mensal é que essas adições eram salpicadas, marinavam enquanto o roteirista direcionava o Ned e o Poe pelas Guerras Indígenas... E voltava a elas quando menos esperávamos. Novelão fino.
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