Depois de ser obrigado a engolir a seco uma história onde o Justiceiro precisava encarar a opinião da esposa (morta) sobre sua guerra ao crime e, ainda por cima, bater retirada lá para os cafundós de Mefisto...
Isso aqui, definitivamente, foi bom para o moral:
A
passagem acima pertence à minissérie Get
Fury. Precisamente, a primeira edição de cinco. É sempre muito bom renovar as boas-vindas ao velho Garth Ennis;
que volta ao bom combate repetindo a parceria com Jacen Burrows, de O Soviétivo. Um ótimo desenhista, claro, mas, cá
entre nós, fiz figa nos dedos[1]
para que o Sr. Parlov se recuperasse do seu
derrame
a tempo e nos entregasse todo o seu napalm nanquim de costume.
No excerto, dois PMs abordam o Capitão Frank Castle e tentam alertá-lo da existência de cães com raiva nos arredores, tendo, portanto, a necessidade de sacrificá-los. Isso não dá muito certo, só que o objetivo principal era conduzi-lo a presença do Major para receber ordens. É fevereiro de 1971, a Base de artilharia do Vale Forge ainda estava a oito meses de virar um buraco no mapa do Vietnã.
Como sugerido na série MAX, volta e meia, o futuro Justiceiro era chamado para tomar parte em operações clandestinas como franco-atirador. O primeiro vislumbre disso se deu em Fury MAX: Minha Guerra Se Foi, em 1970, ocasião em que foi destacado para acompanhar o Coronel Fury até o Laos e matar o Coronel Giap; que, por sinal, ainda está vivo e bem em algum lugar no futuro de Get Fury.
Na nova história, Frank volta a se encontrar com Nick Fury, entretanto, do outro lado da luneta do rifle; pois, seu velho conhecido foi capturado pelos Charlies e o Alto Comando teme que ele não resista às torturas e entregue informações, comprometendo toda a inteligência em torno do sudeste asiático. Para complicar, como alvo de valor, ele está sendo muito bem protegido e se atravessar a fronteira com o Vietnã do Norte, será impossível localizá-lo. Para a CIA, existe um risco de que a identidade de vários agentes seja comprometida.
Não existe alternativa: Fury tem que morrer.
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Será que tem mesmo?
Como disse, Frank e Nick têm uma História juntos. Não é um vínculo de amizade e, sim, com a honra da farda, doa a quem doer. Talvez mais que isso, talvez os dois sejam irmãos de armas porque a Guerra é o único sangue bombeado em suas veias. E ainda que percorram caminhos distintos, eles mantêm um pacto informal de não agressão, com o destino sempre correndo por fora, dando um jeito de colocá-los, se não no lado certo, seguramente no mais preto e branco possível.
Então, estou ansioso para ler o que Ennis e Burrows reservam para os demais números da minissérie; ainda mais depois que o escritor mandou essa: "[...] se Get Fury for minha última vez escrevendo o Frank, acho que será uma despedida digna”.
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Off-topic, mas nem tanto:
A capa de Amazing Spider-Man nº 129, de Gil Kane e John Romita Sr, é uma das mais icônicas da Marvel e, por sê-la, vive recebendo homenagens por outros artistas em títulos mil. Como se trata da primeira aparição de Frank Castle, de vez em quando, a própria imagem – do personagem à esquerda, fazendo mira no rifle, enquanto temos o alvo logo à direita, dentro da lente circular – é ressignificada em capas alternativas ou edições nº1 de mensais/minisséries.
Foi o caso da arte de Dave Johnson para Get Fury nº 1 que, em minha opinião, gabarita todos os pré-requisitos de uma boa capa: atiça a curiosidade (ok), conta uma história (ok) e tem a ver com o conteúdo interno (ok).
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[1] Em setembro de 2022, até cheguei a perguntar ao próprio se o projeto estava de pé,
mas não foi daquela vez. Talvez como muitos fãs, acabei sendo indelicado ou
insensível ao trauma e o lento processo de recuperação. Vai saber? O certo é que, desde então,
Goran Parlov não teve mais seu nome associado a nenhum trabalho de arte
interna.
4 comentários:
Cara, tenho a mesma opinião sobre o Burrows-Ennis. O desenhista é sensacional, mas algo não está certo... E a culpa é do Parlov.
Ele tem postado pin-ups a rodo lá no X dele. Não deve estar tão ruim assim. E garanto que todos nós esperaríamos calmos e ordeiramente pelas suas pranchas sagradas pingando a conta-gotas do firmamento.
Sobre a capa clássica, adoro o swipe do Frank finalmente cumprindo sua missão na What If #58.
https://storage.googleapis.com/hipcomic/p/ddec482bf1c4914fb1640fa23c7244c0.jpg
Abração.
Pra ser honesto contigo, desde que conheci essa maldita parceria Irlanda/Croácia, a única vez que não senti falta dela num texto do Ennis foi em Sara. Só que ali era o Steve Epting, o que por si só é golpe baixo.
Suspeito que o Parlov começou a fazer contas e descobriu que dá pra tirar bem mais grana com commissions do que nas malfadadas internas. Aliás, o mal do nosso tempo: os grandes artistas contemporâneos têm vida curta nos quadrinhos.
Não conhecia essa de What If 58. Foda!
Abração.
O Garth Ennis pode revisitar o personagem até o fim da vida. Agradecemos no meio de tanta lambança com o pobre. Reli O Pelotão no início de maio e o homem FAZ FALTA.
No fim de semana, estive conversando com um primo que, na nossa juventude, só pegava tudo que saísse do Batman e do bom Frank. Quem já não foi o Justiceiro... Chegou a ter 3 mensais com muita gente boa passando por lá. Bati ponto na SAM por muito tempo por conta da presença dele por lá.
Inclusive, o livrão do Carl Potts com o Jim Lee e Portacio está bem ali pra ser DEVORADO.
Do Vale, nas últimas entrevistas, o Ennis vem tratando Get Fury como seu último projeto com o Justiceiro. Fico me perguntando a quem ele quer enganar. Tá pra o Justiceiro o que o Claremont é pra os X-Men e David é pra o Hulk.
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