Para começar a semana com o pé direito, faço questão que nossos leitores limpem suas papilas gustativas e apreciem essas duas suculentas entradas:
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Entre 2010 e 2012, a Panini surpreendeu os leitores ao anunciar o lançamento de Jonah Hex, Vol. 1: Marcado pela Violência, edição que compilava os seis primeiros números da elogiada série regular do pistoleiro desfigurado, de Jimmy Palmiotti e Justin Gray. Bom, mas acontece que os italianos não estavam realmente pensando fora da caixa, pelo contrário, a oportunidade fazia o ladrão. Circunstancial ou não, o fato é que após esse encadernado ainda chegariam às bancas mais outros cinco.
O último deles, JonahHex, Vol. 6: Balas Não Mentem (Panini/2012) compilou as edições #31-36, e, devo dizer: foi lamentável. Não, não me refiro à qualidade do material, pelo contrário, era sim excelente e a julgar pela boa aceitação da massa de fumetteiros, a coleção teria fôlego para chegar até o seu desfecho (#70). Bem ou mal, sorria, se a publicação teria que ser jogada aos lobos, que nos contentemos de termos chegado a esse “derradeiro” volume. Nele jazem, pelo menos, dois neoclássicos do personagem: A Caçada (nº 33) e Uma Proposta Grosseira (nº 36), publicadas originalmente em 2008.
Nesse primeiro conto, nos valeremos novamente da perícia de Darwyn Cooke na Nona Arte, dessa vez, reproduzindo esse belo roteiro de Palmiotti e Gray em A Caçada. A narrativa dá conta de um incidente em algum recôndito do Canadá cujas temperaturas glaciais colocam em xeque a sobrevivência de um pai e um filho. E, bem, Hex não é exatamente o Deus Ex Machina que você desejaria, mas é o que tem para hoje. Se brincar, a melhor história que já li do personagem.
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Na segunda entrada, o artista convidado seria ninguém menos que J. H. Williams III, o dono dos layouts mais excitantes da indústria norte-americana. Mais que quadrinhos, Williams faz o tipo de arte que deveria ganhar exposições em galerias no mundo a fora. Fico, inclusive, tentado a ter esse pensamento: e se, ao fim de Overture, Neil Gaiman lhe entregasse todos os roteiros originais de Sandman e fizesse a seguinte proposta: “tome, são seus, refaça tudo até o nº 75”.
Ah, sobre o enredo de Jonah Hex nº 35[1]... Logo após auxiliar o delegado de uma cidadezinha a afugentar um bando que havia se instalado numa concessão alheia, Hex é convidado a passar a noite na casa desse oficial da lei. Como o banco em que resgataria sua recompensa só abriria na manhã seguinte, uma refeição e uma cama não eram lá uma má ideia. O problema foi a outra proposta.
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Off-topic, mas nem tanto:
Certa feita, um jovem nobre escocês chamado Jay Cavendish se apaixonou por Rose Ross, uma plebeia alguns anos mais velha que ele. Inconformado com essa paixonite adolescente, seu pai decide intervir e, acidentalmente, é morto. As coisas, porém, saem do controle e os Ross são acusados de tê-lo assassinado, forçando-os a fugir e tentar a sorte na América do mítico Velho Oeste.
Desconhecendo que a cabeça de sua amada está à prêmio, Jay decide ir ao seu encontro, atraindo a atenção de Silas Selleck, um caçador de recompensas que está disposto a servir como um guia. Longa de estreia do diretor John Maclean, Slow West é um Western fora do convencional, com toques de humor ácido[2] e epifanias estilísticas típicas do cinema indie. Michael Fassbender (o Silas) sobra em cena e se porventura fosse lhe dado uma cicatriz horrenda no lado direito da face, confie em mim, ele faria “bonito” na pele do Senhor Hex.
Bom
apetite. 🍕
[1] Fui o único que teve essa impressão ou Williams homenageou mesmo o Tenente Blueberry?
[2] Com apenas uma hora e vinte minutos de
vídeo, o filme pode ser encarado como um desdobramento mais sóbrio disso aqui.
Só para constar, mil vezes mais sóbrio!