domingo, 13 de abril de 2025

QUANDO OLIVER ERA UM CAÇADOR

Al Muncy é o único herdeiro do império das Cervejas Muncy e suspeito de torturar e assassinar sete crianças de Seattle. Ele deveria estar sendo transferido para uma prisão em Washington, onde começaria a cumprir duas penas consecutivas de vinte anos por ter espancado brutalmente uma menina, em 1972. Porém, seus advogados emplacaram uma reviravolta ao conseguir um novo julgamento e, hoje, ao pagar uma fiança no valor de US$ 3 milhões, Al foi solto após dezoito anos. Ao libertar Muncy, a juíza Rachel Scrom estabeleceu normas rígidas. Ele permanecerá sob prisão domiciliar, confinado exclusivamente à propriedade de sua família, adjacente à cervejaria onde sua família fez fortuna. Uma fortuna que agora será gasta para defender um homem que muitos chamam de monstro!

Esse é um dos relatos da imprensa noticiados nos recordatórios de Arqueiro Verde nº 1 (1988), de Mike Grell e Ed Hannigan. Annie, a pequena vítima que sobreviveu a Al, tornou-se, no presente, uma mulher adulta que, a um grande custo, deu a volta por cima e hoje atua como terapeuta de casais. É ela quem vem cuidando dos traumas emocionais de Dinah Lance, que se recupera do espancamento e, possivelmente, de um estupro sofrido na minissérie Os Caçadores (1988).

São temas viscerais, para não dizer indigestos. Numa outra continuidade, era o início de uma série mensal reverenciada, com toda a aura e apelo "Vertigo", porém, ainda assim, parte do Universo DC convencional. Muito embora, claro, existisse um lembrete onipresente nas (esplêndidas) capas de Greel: “recomendado para leitores adultos”.

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A passagem abaixo grita comigo: “no meu tempo é que era bom”.

Na continuidade atual, ouvi dizer que as histórias de Joshua Williamson para Oliver Queen giram em torno de dimensões paralelas e viagens temporais...

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Eh, não tem jeito: "no meu tempo é que era bom".

🎯🎯🎯

terça-feira, 1 de abril de 2025

EU, HEREGE

Do lado de lá, o Studio Ghibli está coberto de razão. A missiva a seguir, se insurge e bota na chincha os espertalhões do “Gib Studio LLC”, que vêm usando a iconografia e estética de Hayao Miyazaki em aplicações de inteligência artificial.

Trocando em miúdos, a sensação do momento é converter artes ou fotos em versões com a assinatura estilística dos clássicos da produtora japonesa.

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STUDIO GHIBLI, INC.

27 de março de 2025

Via e-mail e carta registrada

Gib Studio LLC

755 Dotings Ln

Miami, FL 33137

Assunto: Uso não autorizado da Propriedade Intelectual do Studio Ghibli – Notificação de Cessação e Desistência

Prezados Senhores da Gib Studio LLC,

Somos os representantes legais do Studio Ghibli, Inc. (“Studio Ghibli”), o renomado estúdio de animação responsável por obras cinematográficas originais como A Viagem de Chihiro, Meu Amigo Totoro, Princesa Mononoke, entre outras. O Studio Ghibli é o proprietário exclusivo de todos os direitos de propriedade intelectual associados, incluindo estilo visual, aparência de personagens, elementos temáticos e marcas registradas.

Chegou ao nosso conhecimento que sua empresa desenvolveu e lançou publicamente um aplicativo com o nome “Gib”, descrito como “um app de compartilhamento de fotos que transforma todas as fotos em imagens no estilo Studio Ghibli”. Esse produto aparenta se basear fortemente no estilo artístico, elementos de marca e temas visuais do Studio Ghibli, além de fazer referência direta ao nosso estúdio em materiais de marketing e promoção.

Informamos que isso constitui uso não autorizado e indevido de obras protegidas por direitos autorais, trade dress (conjunto-imagem), nome comercial e marca registrada do Studio Ghibli, podendo causar confusão entre consumidores quanto à existência de endosso, patrocínio ou afiliação — elementos que não existem.

Dessa forma, exigimos que:

  1. Cessem e desistam imediatamente de todo e qualquer uso do nome Studio Ghibli, de referências ao seu estilo, personagens ou filmes em qualquer aspecto promocional, descritivo ou funcional de seu aplicativo ou empresa;
  2. Interrompam a disponibilidade e distribuição do aplicativo “Gib” em todas as plataformas, incluindo, mas não se limitando, à Apple App Store, Google Play e demais marketplaces de terceiros;
  3. Removam ou retirem todo o material de marketing, sites e conteúdo em redes sociais que façam referência ao Studio Ghibli ou utilizem elementos visuais semelhantes;
  4. Forneçam por escrito, dentro de sete (7) dias a contar da data desta carta, uma confirmação de que estão cumprindo integralmente com as exigências acima.

Caso não haja o cumprimento das demandas, não nos restará alternativa senão buscar medidas legais cabíveis, incluindo, entre outras, pedido de liminar, indenização por perdas e danos materiais e morais, além do ressarcimento de honorários advocatícios — tudo isso sem necessidade de novo aviso.

Esta notificação não constitui uma declaração completa de todos os direitos do Studio Ghibli, os quais permanecem expressamente reservados.

Atenciosamente,

Sakura & Hoshino LLP

Advogados do Studio Ghibli, Inc.

legal@sakura-hoshino.com
+1 (212) 555-7283

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Do lado de cá, atire a primeira pedra quem nunca esqueceu tudo que escreveu...

Sim, sou um herege. Perdão, Pai Dillon. Perdão, Pai Miyazaki.

UM BOM HERÓI SEMPRE MORRE

Não tem jeito. O grande momento do herói é o sacrifício final em prol de outrem. E no caso da sequência abaixo - de DC Um Milhão nº 3, de Grant Morrison e Val Semeiks -, cinco minutos atrás, o sujeito sequer estava do lado certo da história. Seja com "h" minúsculo ou "H" maiúsculo.

Falo de Farris Knight, o Starman do século 853, hedonista, traidor convicto, guardião de Solaris, o sol tirano; que ao hesitar em assassinar Ted Knight, o Starman sênior do século 20, vê uma vida de possibilidades que poderia ter sido sua[1].

Um belo clichê que sempre funciona comigo.



[1] Historinha devidamente discutida em Os Escapistas – Starman #6: Outros Tempos Passados.