Para começar a semana com o pé direito, faço questão que nossos leitores limpem suas papilas gustativas e apreciem essas duas suculentas entradas:
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No preparo da primeira iguaria, tive que usar a retroescavedeira para desencavar O Sobrevivente[1], um conto de sete páginas de Spirit por Will Eisner. Publicado originalmente em julho de 1950, como parte integrante dos usuais suplementos dominicais dedicados a quadrinhos que circulavam em jornais norte-americanos; no Brasil, se não estou enganado, a historieta em questão contou com duas reproduções: uma em Spirit nº 1 (L&PM /1985) e dez anos mais tarde em Spirit nº 5 (Devir/1995).
A narrativa curta remontava o insólito caso em que um avião especial da polícia que transportava criminosos da Costa Oeste para Central City sofre uma pane e cai em algum ponto da região desértica do estado de Utah. Sobrevivem ao acidente dois indivíduos: o Spirit, que ajudava na escolta, e o prisioneiro Tate, “O Farrapo”. Sem perspectiva à vista de resgate, ambos terão que “sobreviver” ao clima/terreno hostil e, pior do que isso, a si próprios.
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O segundo acompanhamento é Spirit nº 2 (Panini/2008), de Darwyn Cooke, que homenageia o supracitado one-shot de Eisner. Em Duro Feito Cetim, somos apresentados a reinvenção[2] de Cooke para a personagem Silk Satin, uma agente da CIA desacreditada entre seus pares por ter sido negligente no traslado de um suposto terrorista que fugiu de sua custódia.
Para se redimir, decide ir sozinha a fronteira com o México, o último paradeiro do fugitivo, mas acaba cruzando com o Denny Colt, que oferece sua ajuda. Emboscados pelo Octógono, os dois sobrevivem ao ardil, mas terão que, bem ou mal, achar seu caminho de volta juntos.
Bom
apetite. 🍤
[1] Na versão da L&PM, tal como original, se chamava “O Sobrevivente”; contudo, na republicação norte-americana foi rebatizada para “O Deserto”, que foi a opção da Devir.
[2] Publicado no Brasil em uma subestimada minissérie de cinco edições, alvo de vários olhares tortos pelos fãs xiitas – que, claro,
não me incluo entre eles.
Sério que rolaram olhares tortos pra série do Cooke? Acho um dos quadrinho-tributos mais perfeitos dos últimos tempos. Mesmo com a distribuição completamente ferrada da Panini (era semestral? anual?), adquiri todos nas bancas e curti demais. Até mesmo o cross - divertido, mas comparativamente fraquinho - com sua contraparte de Gotham.
ResponderExcluirE que traço. E que pinups...
Os talibãs das HQs não se resolvem. Por um lado, choram que seria bacana ver material novo de personagens clássicos, que não se faz mais quadrinhos tão bem como antigamente, blá, blá, blá. Por outro, criticam qualquer tentativa neste sentido. Ora, quem melhor que Cooke pra dar uma arejada vintage em virtualmente QUALQUER COISA? Gente que não transa é fogo.
ResponderExcluirDogg e Marlo, Darwyn Cooke é de casa, mas sim essa sua passagem não agradou gregos, troianos e espartanos. Basicamente, os fundamentalistas não aceitaram a opção dele de trazer o Spirit para o cotidiano do século XXI. Coisa de fanboy que "não transa".
ResponderExcluirA propósito, caso não conheçam, outra boa encarnação de Denny Colt foi a por David Hine/Moritat. Recomendo!